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Um novo relatório encomendado pela WWF-Alemanha sobre o futuro da oferta global de peixe conclui que em 2050 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento poderão não conseguir comprar peixe, que atualmente constituí uma fonte importante de alimento e proteína.

O relatório “À pesca de proteínas – Qual o impacto das pescarias marinhas na segurança alimentar global até 2050”, produzido por cientistas da Universidade de Kiel, analisou a quantidade de peixe que pode ser retirada dos mares de forma sustentável até 2050. A análise prevê que muitas pessoas, por viverem na pobreza, optarão por exportar o seu peixe em vez de comê-lo, e não terão acesso a alternativas que permitam substituir esta fonte de proteína.

Rita Sá, especialista em pescas da WWF em Portugal, disse: “A boa notícia é que, se a comunidade internacional fizer melhorias efetivas na gestão das pescas e na conservação dos habitats marinhos, os nossos mares ainda podem conseguir fornecer pescado suficiente para as próximas décadas às populações que dele necessitam. A má noticia é que sob qualquer cenário que tenha sido analisado, o pescado provavelmente não acabará nos pratos das pessoas que mais precisam dele para sobreviver “.

“O consumo de pescado no Hemisfério Norte tem um impacto cada vez mais importante nas condições de vida das pessoas dos países em desenvolvimento que dependem fortemente deste recurso”, diz Rita Sá.

Os países em desenvolvimento já desempenham um papel importante no abastecimento do mercado mundial de pescado, uma vez que cerca de 61% das exportações globais são originárias de países do Sul do globo. Ao mesmo tempo, a dependência de peixe como fonte vital de alimento e proteína é muito maior do que em países desenvolvidos, como os da Europa.

De acordo com as previsões dos cientistas, a crescente procura global de pescado só pode ter resposta se a gestão global das pescas for melhorada de forma significativa. “para aumentar de forma sustentável o volume de capturas é necessário a adoção de uma visão holística dos ecossistemas marinhos como pré-requisito, bem como uma gestão melhorada, eficiente e rigorosamente aplicada às pesca com o objetivo de manter populações marinhas saudáveis”, sublinha Rita Sá.

“A população mundial está a crescer, assim como a procura de pescado, e se não tivermos o que capturar será uma catástrofe para aquelas 800 milhões de pessoas que dependem do pescado como fonte essencial de alimento e de subsistência”, disse Rita Sá.

Atendendo à intenção das Nações Unidas em acabar com a fome no mundo até 2030, a WWF apela aos decisores mundiais para que atribuam máxima prioridade à melhoria da gestão das pescas como parte fundamental do seu plano de ação, de forma a assegurar os valiosos recursos do oceano às gerações futuras.

“A UE está a liderar um esforço global para melhorar a gestão das pescas e combater a pesca ilegal a muitos níveis, e por isso, a WWF apela aos líderes europeus para que mantenham esse rumo e intensifiquem os seus esforços”, sublinha Rita Sá.

A WWF incentiva os consumidores europeus a comprarem produtos marinhos sustentáveis de acordo com as recomendações dos seus Guias de Consumo de Pescado (ver guiapescado.wwf.eu)